segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Boa noite, meu amor...


- Luiza, preciso, te falar.
É agora ou nunca
- Sim, amor?
Ele respira fundo, fecha os olhos e diz numa vez só:
- Eu estive com outra pessoa
Merda! O sorriso dela se parte como um espelho. Seus olhos incrédulos o fitam.
- Como?
- Eu estive com outra pessoa. Eu trai você.
Ela ri de uma maneira nervosa. Sua respiração acelera. Os olhos logo ficam lacrimejados. Ela tateia as suas costas a procura de um apoio e desaba no banco da mesinha de telefone.
- Por quê? Por quê?
O choro explode junto com um acesso de raiva.
- Cachorro! Canalha! Maldito!
Ela atira o telefone, o caderninho de recados, a caneta, seus sapatos e o que mais está ao seu alcance. Com grande esforço, ele tenta controlá-la. Agarra seus pulsos. Ela resiste ferozmente. A batalha dura alguns instantes. Ela finalmente se cansa e ele a abraça. Sente raiva de si mesmo, mas precisa ser firme.
- Eu errei, mas não tem como voltar atrás! O que está feito, está feito!
Seu choro parte o coração.
- Por que você fez isso comigo? Por quê?
- Foi um deslize, coisa de momento, aconteceu. Lamento.
- Você não me ama mais?
- Não diga isso! Você é a mulher da minha vida! O que sinto por ti, mulher alguma haverá de ter! Foi apenas desejo, amor não tem nada a ver com isso.
Cada soluço é como uma facada em seu coração.
- Eu não presto. Não vou te pedir pra esquecer. Se for tua vontade, saio agora mesmo.
- Não! Não me deixa sozinha! Sabe que eu não vivo sem você!
- Pequena, o que eu fiz não tem perdão!
- Mas eu te perdôo assim mesmo! Por favor, fica! Eu sem você sou menos que nada!
E agora?
- Bem, o que eu fiz foi muito errado, mas o amor que sinto por ti é maior que o mundo. Bem sabes que morro de medo de te perder! Se te contei não foi pra te fazer sofrer. Ainda assim, isso não me redime. Essa é mesmo a tua vontade?
- Sim! Sim! Sim!
Ela o agarra ferozmente. O beija de uma forma alucinada. Suas mãos o despem. Sobem ao quarto e fazem amor durante horas. Ele adormece.
Luiza levanta na ponta dos pés. Abre a porta do quarto e torna a fechá-la silenciosamente. Desce as escadas sem fazer ruídos. Coloca o telefone de volta no lugar e aperta alguns números. Não demora muito, uma voz masculina atende do outro lado.
- Alô?
- Olá, sou eu.
- O que houve? Passei o dia inteiro te esperando.
- Tive uns problemas e não pude ir, me perdoe. Vamos deixar para amanhã.
- Sem falta?
- Sem falta.
- Então estarei te esperando. Tenha uma boa noite, amor.
- Você também...